HISTÓRIA DE ANGOLA
Até ao contato com os portugueses no século XIV e XV, esta região da África Austral é habitada por tribos que praticam agricultura itinerante e criação de animais e pagam tributos ao Reino do Congo .
A colonização portuguesa funda cidades, como S. Paulo de Loanda ( Luanda), em 1576 e Benguela, em 1617, que servem de base para o comércio de escravos.
Entre os séculos XVI e XIX, cerca de 3 milhões de angolanos são enviados como escravos para o Brasil .
Explorando rivalidades tribais, os portugueses expandem seus domínios.
As fronteiras oficiais são estabelecidas na conferência de Berlim (1884-1885), que define a partilha da África entre potências Europeias .
LUTA ANTICOLONIAL .
A intransigência do colonialismo português na manutenção das Províncias ultramarinas desperta, a partir de 1961, conflitos armados organizados pela União dos Povos Angolanos ( UPA ) .
A luta anticolonial divide-se em três grupos que refletem diferenças étnicas e ideológicas:
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), multirracial e marxista pró União Soviética, com predomínio da etnia Kimbundo ;
A Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), anticomunista, sustentada pelos EUA pelo ex-Zaire, com suas bases na etnia Bacongo (norte do país) ;
E a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), inicialmente de orientação Maoísta mas que depois se torna anticomunista e recebe o apoio da África do Sul e tem forte presença da etnia Ovimbundus (centro e sul).
A rivalidade entre os três movimentos de libertação transforma-se em confronto armado a partir de abril de 1974, quando o governo instalado em Portugal, após a denominada Revolução dos Cravos, anuncia o plano de descolonização .
O Tratado de Alvor, firmado em Janeiro de 1975, entre Lisboa e os três grupos, prevê um governo de transição.
O fracasso do acordo resulta em uma sangrenta guerra civil entre os três Movimentos Políticos, que recebem apoio estrangeiro e transformam o país em cenário da guerra fria .
A maioria dos 350 mil brancos angolanos emigra para a África do Sul, Portugal e Brasil .
Em outubro de 1975, tropas Sul-Africanas combatem ao lado da Unita, em um ataque a Luanda .
Soldados cubanos auxiliam o MPLA, que mantém o domínio sobre a capital.
Em 11 de novembro de 1975, Portugal sai formalmente de Angola sem reconhecer nenhum dos grupos como governo.
Agostinho neto, líder do MPLA, é proclamado presidente da República de Angola, de regime socialista .
O Brasil é o primeiro país a reconhecer o novo estado independente.
ELEIÇÕES E IMPASSE
A FNLA dissolve sua guerrilha no final dos anos 70 mas a UNITA mantém sua guerrilha com o apoio da África do Sul e dos EUA .
Com a morte de Agostinho Neto, em 1979, José Eduardo dos Santos assume a presidência.
A guerra civil continua e, em novembro de 1988, um acordo entre Angola, Cuba, UNITA e África do Sul define o início da retirada cubana da região, que se completa em maio de 1991.
No mesmo mês, o governo do MPLA e UNITA assinam acordo de paz e convocam eleições gerais, realizadas em setembro de 1992 na presença de observadores internacionais, que reconhecem a vitória legítima do MPLA .
José Eduardo dos Santos é confirmado Presidente . Jonas Savimbi, líder da UNITA não aceita a esta situação e recomeça a guerra civil.
Os combates devastam o país, destrõem estradas e desorganizam a vida nacional.
Os EUA reconhecem o Governo Angolano e retiram o apoio à UNITA, que controla parte do território angolano .
ACORDO DE LUSAKA
Em novembro de 1994, o MPLA e a UNITA assinam novo acordo de paz, em Lusaka, Zâmbia .
Para monitorar a desmobilização de tropas e ajudar na transição, o Conselho de Segurança da ONU aprova a resolução 976, que cria a 3ª missão de observação do processo de paz .
A operação conta com 7 mil soldados de seis países, entre eles cerca de 1.200 brasileiros .
O mandato da 3ª missão é renovado em Fevereiro e Maio de 1996 em virtude do atraso no desarmamento dos soldados da UNITA .
Em abril de 1996, o Governo de Angola chega a um acordo de paz com a Frente para a Liberação de Cabinda (norte), província rica em petróleo.
Em Junho, a ONU confirma que 50.165 soldados da UNITA (81%) haviam entregado suas armas e que completara a desmobilização da polícia de força rápida, do MPLA .
A integração desses soldados a um exército unificado começaria a partir de 1º de Julho.
Ainda em Junho, tem início novas negociações de paz com Savimbi, sobre seu papel como Vice-Presidente no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN).
Nessa ocasião permanece indefinida o controle sobre áreas mais lucrativas na exploração de diamantes.
O Governo de União Nacional toma posse em 11 de abril de 1997 mas Savimbi recusa-se a viajar para Luanda e permanece com seus homens no interior.
TROPAS DA ONU
Dois militares brasileiros que integram a força de paz da onu são atingidos numa emboscada quando escoltavam um comboio de caminhões que transportava civis em 18 de maio de 1997 : o cabo-fuzileiro naval Aladarte Cândido dos Santos morre e o cabo do exército Samuel Sobrinho Correia fica ferido.
O Presidente José Eduardo dos Santos pede, em junho, que as companhias médica e de engenharia do exército brasileiro, que participam da missão da ONU, permaneçam em Angola depois da retirada das tropas da ONU . O Brasil rejeita a proposta e propõe contribuir com ajuda humanitária.
Em junho, o exército angolano ataca tropas da UNITA na tentativa de desocupar uma região rica em diamantes, no nordeste do país .
Em 15 de agosto termina oficialmente a participação das forças armadas brasileiras na missão da ONU em Angola .
Mas a recusa da UNITA em liberar áreas sob seu controle e integrar o Governo de União Nacional, conforme acertado no acordo de Lusaka, põe em risco a paz e leva a ONU a suspender, pelo menos até outubro de 1997, a retirada total de suas forças.
UM PAÍS EM PAZ E RECONCILIADO
Na manhã de 04 de abril de 2002, uma troca de cumprimentos entre chefes militares e a colocação de suas assinaturas num Memorando de Entendimento pôs fim ao conflito armado que, durante 27 anos, opôs as Forças Armadas Angolanas e as Forças Militares da Unita .
Valdemar Ribeiro
Enviado por Valdemar Ribeiro em 15/08/2010
Alterado em 12/10/2018