O REI VAI NÚ
ANGOLA – O REI VAI NÚ.
As actuais medidas económicas orientadas pelo FMI e com o aval do executivo angolano são medidas lógicas mas a realidade angolana é outra, não é uma realidade nova-iorquina em cuja cidade o FMI tem sua sede.
Qual o sentido lógico de medidas económicas que estão a colocar cada vez mais angolanos à fome, principalmente os mais desfavorecidos e eliminando-se cada vez mais a classe média que já não era muita?
Se os angolanos forem cada vez menos, o que adiantam medidas económicas que só poderiam dar certo num futuro a médio ou longo prazo, por mais sábias que sejam?
Quem pode afirmar que estas medidas económicas são as mais correctas se muitos milhões de angolanos estão a definhar de fome e a encherem os cemitérios?
O que vai adiantar depois dizer que a economia está a melhorar? Os que definharam já cá não estarão e os filhos também não pois não têm ou não tiveram os pais para os sustentarem minimamente.
O Dubai e alguns outros povos árabes, quando decidiram reconstruir seus países de forma mais sustentada, deram os primeiros passos no sentido de constatar quais as suas riquezas naturais, promoverem a construção de uma economia fundamentada nessas riquezas e só depois disso avançaram para um desenvolvimento económico.
Por exemplo, se eles pretendiam reconstruir o país e tinham areia em abundância, imediatamente tomaram a decisão correcta de construir primeiro fábricas de vidro e de materiais de construção senão ficariam dependentes da importação especulativa. Este é apenas um dos exemplos.
É importante que o Governo angolano continue a governar pois esse é o papel dos políticos e com o apoio dos empresários mas tendo uma visão global sustentada da economia, base de todo o desenvolvimento.
É preciso falar sim mas fazer mais agora, no presente, e não apenas num futuro que não existe.
O novo executivo chefiado pelo sr. Presidente João Lourenço, herdou um caos económico mas precisa de ter muito cuidado ma reconstrução do país senão vão afirmar que o único responsável é ele.
O sr. ex-primeiro ministro inglês Tony Blair, sem sequer conhecer Angola pois afirmou estar aqui pela primeira vez em 2019 e parece que também conhece mal África, basta lembrar sua decisão imprudente de invadir o Iraque fundamentando sua decisão em uma informação falsa, quando veio visitar o Presidente angolano João Lourenço, bateu palmas às medidas económicas recomendadas pelo FMI e adoptadas por Angola.
Para poder falar dessa forma, o Sr. Blair deveria estar melhor informado pelos Órgãos de informação ingleses sobre a real e actual situação económica angolana.
O Sr. Blair sabe quantos angolanos morrem diariamente devido à fome e à falta de saúde? Tem essa estatística?
Existe uma estatística nacional ou internacional de quantos angolanos estão a morrer diariamente nos cemitérios oficiais e não oficiais? Desde quando se fazem essas estatísticas e quem as faz?
Neste mês de Fevereiro de 2020, o Sr Pompeu, representante do sr. Trump, também veio a Angola aplaudir as medidas propostas pelo FMI e afirmou que Angola está no bom caminho.
Muito estranhos estes aplausos pois quem vive aqui em Angola e diariamente é confrontado com a realidade económica, percebe e vê que cada vez há mais pessoas a sofrerem em todos os sentidos e que a maior parte dos projectos andam ao contrário e têm resultados negativos.
Há milhões de angolanos a definharem de fome.
O Sr. Blair, o sr. Boris Johnson, o Sr Trump, o sr. Pompeu, o Sr Puttin, o Sr. Presidente Chinês Xi Jinping e outros líderes, estão mesmo preocupados com os povos menos desenvolvidos?
Ou olham apenas para seu umbigo? Estes líderes vão fazer sacrifícios em seus países e mudar suas personalidades para beneficiarem outros povos? Ou estão contentes em seus cargos que os fazem de estatura elevada perante os seus ? Estão mesmo preocupados com o planeta ou estarão preocupados com o planeta deles exclusivamente ?
Os povos africanos devem copiar os modos de vida económicos ocidentais e outros modos de vida sem questionarem se esses modelos económicos são os mais correctos e equilibrados ?
Em conclusão, pode-se então questionar os pais da nação angolana, falecidos e ainda vivos, qual a herança real que deixaram e vão deixar para seus filhos.
Andamos a desfilar teorias económicas aprendidas em muitos lugares, andamos a enganar uns aos outros, supondo que sabemos os melhores caminhos para os outros e para o país, mas a realidade mostra o contrário.
Andamos vestidos com roupas e tecidos vendidos pelo primeiro mundo, andamos orgulhosos e fazendo vénias a quem vende os suopostos tecidos mas a realidade nua e crua é que esses tecidos não vestem coisa nenhuma e servem apenas para enganar a maioria dos cidadãos e beneficiar alguns poucos privilegiados do sistema, externos e internos.
Até quando precisaremos que venha uma criança dizer que o rei vai nú?
Valdemar Ribeiro
Enviado por Valdemar Ribeiro em 23/02/2020