Valdemar Ferreira Ribeiro
...Navegando nos Mares do Sul ... Observando o Norte
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ANGOLA - UMA HUILA MAIS INTERESSANTE

Após quarenta e cinco anos de independência, estamos orgulhosos pois conseguiu-se construir meia dúzia de ruas asfaltadas, não avenidas, no principal centro da cidade do Lubango. Olhando as ruas laterais, secundárias e terciárias, encontram-se esburacadas, de terra todas elas, algumas com lixos, sem saneamento básico, circundando até algumas casas de boa aparência, casas sem água nas torneiras, com pouca luz, e por aí se vai.

Há uns bons anos, foi proposto ao Governo Provincial, o desenvolvimento de desportos radicais, Balonismo, Asa-delta, Para-pente, montanhismo, by-cross, moto-cross, caminhadas, cavalgadas, e tantos outros desportos apropriados para estas belas montanhas da Serra da Chela. Parece que que isso não passou de uma brisa, ideia pouco importante e pouco brilhante, aqui na “banda”, até hoje 2021.

Os países ao redor, Namibia e África-do-Sul são especialistas nestes desportos radicais e turisticos; Portugal e Brasil tambem são e seu turismo vive disso também, de forma acentuada, haja visto Cabo-Verde com suas ondas para surf e a cidade de Nazaré, em Portugal, com suas ondas gigantes, as maiores do mundo, e que hoje se tornou num “point” mundial neste tipo de desporto, e as televisões do mundo inteiro vão para Nazaré e Cabo-Verde filmar, buscando imagens espectaculares, e transmitindo estes países para o mundo, divulgando-os turisticamente. E nós continuamos a não dar a devida importância à jóia que temos, denominada “Montanhas da Serra da Chela”, não a sabemos polir, achando que é apenas uma pedra bruta quando na realidade é um belo diamante, único, raro e esverdeado, e andamos a lamentar que não temos turismo. Triste sina a nossa.
Os jovens, com o desenvolvimento dos desportos radicais nesta região, seriam atraídos para longe das bebidas e das drogas, para longe de um “fazer nada”, seriam com certeza atletas dispostos até para campeonatos internacionais. Seria uma excelente maneira de atrair a juventude para uma educação de elevado nível mental, novas culturas, trilhas ambientais, e estes jovens certamente agradeceriam muito se os “Kotas” ousassem tal ideia, que não é proeza alguma.
Não é muito dificil promover o desporto radical na Huila pois temos as montanhas e temos uma rede hoteleira operacional mas em letargia. Também não é complicado promover a recuperação das florestas nativas da região. Em muitos países  os/as “kotas” já o fizeram e funciona, sem riscos e trazendo ganhos económicos e financeiros; basta haver boa vontade e ousadia e vamos!
Ao se recuperarem as florestas nativas da região para se promoverem estes desportos e um turismo de qualidade, a industria hoteleira seria extremamente beneficiada com isso pois a Huila já dispõe de uma estrutura hoteleira capaz de responder a novos desafios.
O mais dificil a Huila tem, a jóia “Montanhas da Serra da Chela” e uma rede hoteleira capaz, falta apenas ousadia aos/às “kotas”.
Os grupos culturais existentes e novos seriam também bastante beneficiados com este desenvolvimento desportivo turistico.
Olhando a “educação”, há uma grande preocupação em se construirem paredes para supostas escolas mas depois não há saneamento básico, não há professores com capacidade para uma educação de elevada qualidade, os professores não recebem salários dignos para sustentarem suas próprias familias, como poderão eles ensinar?
Olhando as montanhas da “Chela”, hoje, estão carecas e a desertificar, despidas de suas belas florestas nativas que são as principais mantedoras da qualidade de vida da Provincia. Todas as árvores nativas, impróprias para carvão, são abatidas, não há plantação de árvores para produção de madeira de qualidade de forma ambientalmente correcta, nestes quarenta e cinco anos de independência.
O comércio foi ocupado por pessoas estranhas à cultura original, pouco preocupadas com o desenvolvimento social e ambiental da Huila e os natos cada vez com menos espaço de negócios.
A cidade com ruas sem qualidade,  a maioria têm seus prédios sem côr, quintais sem jardins e sem árvores, sem água, sem saneamento e quando se olha a cidade do alto ou de longe, nota-se uma sociedade sem brilho, com muitas casas de construção sem qualidade e a cidade agora nem jardins tem.
É um salve-se quem puder. É um dia a dia pobre e sem motivação cultural e parece não haver interesse numa mudança profunda da Huila.
As Instituições do ensino, no geral, sem grande criatividade e aparentemente pouco preocupadas com esta sociedade cada vez mais amorfa e não se vê as academias a ousarem no pensamento, juntificando-se este marasmo nas dificuldades financeiras e económicas do país e na pouca motivação social.
É certo que há, e muito, dificuldades de toda a ordem, mas a Huila, “per si”, tem potencial para fazer mais, muito mais, para ter um rumo mais criativo, para inovar em soluções que permitam à Provincia um outro dinamismo mais motivador e incentivador dos espiritos criativos e ousados, e há com certeza pessoas mais criativas nesta Província, podem-se citar alguns exemplos.
É uma pena que a Huila não seja mais ousada. Aceita-se a mediocridade como modelo em quase tudo. A Huila sempre teve melhor fama, por razões reais.
Valdemar Ribeiro
Enviado por Valdemar Ribeiro em 18/10/2021